segunda-feira, 9 de maio de 2011

Nossa janela

Eu gosto de andar de carro. Sem rumo. Só sentar, abrir a janela dependendo do tempo e ligar o som. Mudar a estação várias vezes até desistir e colocar um CD que eu mesma fiz, com as minhas músicas favoritas. Mas esses passeios não são a melhor parte.
Eu gosto mesmo é de passar na frente dos prédios luxuosos da orla durante a noite, quando as luzes das casas ainda estão acesas e olhar as pessoas debaixo dos seus lustres chiques numa mesa de jantar enorme.
Eu saio assim pra ver se eu te acho. Eu já te vi uma vez, de dentro do meu carro, você tava deitado, aparentemente sem camisa e com os cabelos bagunçados, assistindo TV. Seu quarto é branco e sobre uma prateleira tem uma bola de futebol gigante, aqueles pufs customizados, não é? Eu sei, eu vi. Eu gosto mesmo é de passar na frente do teu prédio, ou pelo menos fingir que eu sei qual prédio é. Ele vive mudando, ultimamente é um sem varandas com enormes janelas de um vidro esverdeado com o nome daqueles castelos franceses. Gosto desses nomes.
Eu passo lá na orla faz tanto tempo que virou rotina, eu olho pra todas as janelas que eu consigo, esperando ver aquela bola de futebol que já rondou meus sonhos onde eu e você estavamos deitados em cima dela. Você ficava me olhando e nada mais. Eu não sei como você se parece, mas sonho com você assim mesmo.
Me sentia idiota logo de início e depois a sensação foi passando. Foi mudando pra uma familiaridade meio esperançosa de que eu fosse te encontrar. Uma certa curiosidade de saber como seria se a gente se conhecesse, se eu soubesse seu nome e talvez até te desse um apelido. No momento tudo o que eu tenho é a sorte de que você acenda luz e me deixe ficar com você, mesmo que seja só através de um janela.
Nossa janela.

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