quarta-feira, 25 de maio de 2011

Esse barulho é do coração, ok?

Um toque. Acidental. Um encontro banal de tecido epitelial que reveste vasos sanguíneos casa vez mais acelerados em resposta ao aumento do meu ritmo cardíaco. Tum-dum, tum dum, tumdum...
Um pedido de desculpas ou o vazio? Vou com o vazio. Um olhar que deveria ser significativo, mas só demonstra nervosismo. Tum-dum, tum dum, tumdum, cada vez mais rápido.
O que é isso que você causa em mim? Por que essa perda de racionalidade, de palavras? Por que as mãos suadas? Por que só com você? Tum-dum, tum dum, tumdum...
Um sorriso de ambos. Um sorriso ambíguo. O seu é um fraco pedido de desculpas que eu gostaria que significasse o quanto se importa comigo. O meu, o reflexo de uma timidez guardada a sete-chaves que tenta demonstrar, debilmente, indiferença. Tum-dum, tum dum, tumdum...
Se vai. Me recomponho, coloco o cabelo detrás da orelha e sigo calada, indiferente com as mãos suadas. Tum-dum, tum-dum... Meu coração volta ao seu compasso normal. Respiro fundo. Prossigo. O cabelo revolta-se novamente, por ter voltado para detrás da orelha.
Um toque. Acidental. Um silêncio. Um sorriso. Um tchau subentendido. Tum-dum, tum-dum, tum-dum...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sim, é pra você

Sabe que, tem gente que acha que os momentos ruins anulam os bons, mas eu não acho que seja verdade. Quando eu penso em você, penso com um pouquinho de tristeza, uma pequena dose de melancolia até. Mas também me recordo com um sorriso estampado no rosto, todas as coisas boas que você já me disse um dia, todo riso que você provocou e que muitas vezes você mesmo foi o motivo. E tem certas músicas, fotos, textos, dias que me lembram você. E um bigode, uma camiseta, um tênis e um céu azul. E uma cerveja, uma ex namorada, uma banda e um bairro. E uma cidade inteira, um jornal, uma entrevista, um país! Um sobrenome, um nome, um apelido, outra banda e cabines telefônicas. Uma flor, e pintinhas, coisas xadrez, amarelo, bicicletas, sem freio. E uma teoria, que está certa. Eu vou descer essa ladeira sozinha, eu e minha bicicleta sem freio.

Rua da Seda

Eu vi quando ele sentiu o celular vibrar no bolso da bermuda xadrez. “Estou te vendo”, eu disse. “E onde você está?” disse ele enquanto começava a  procurar. “Sabe uma garota de vestido branco que está do outro lado da rua?”
“Sei.” Ele olhou na minha direção.
“Bom, sou eu.”
“Que mentira!” Ele apertou os olhos. 
“Então vem aqui checar”, eu disse enquanto segurava o riso.
Esperei pelo que me pareceu uma eternidade, até que o sinal fechasse e ele atravessasse a faixa de pedestres. E conforme ele ia se aproximando, um sorriso travesso foi surgindo em seus lábios, em seus olhos. “Menina, mas você…” e, mais uma vez, não deixei que ele concluisse. Pulei e envolvi minhas pernas ao redor de sua cintura. “Me beija”, eu disse. E assim ele fez. Me deu um beijo que me tirou o fôlego e um pouco do juízo, e me fez sentir um calor se espalhando por todos os cantos do meu corpo. 
“Ei, mas você está de vestido!”
“E daí?”
Ele riu.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Dor de cabeça

Amor pra mim é como dor de cabeça. Começa fraquinho e você vai ignorando com a fraca certeza de que vai passar. Dera-me fosse assim fácil. Só aumenta. Quanto mais você ignora e mais você tenta se convencer do contrário mais insistente ele fica e quando você se dá por conta está fazendo textos com analogias estúpidas.

sábado, 14 de maio de 2011

Verbos - Parte 1

Pegue uma mecha do meu cabelo. Brinque com ela até que a textura não o satisfaça mais. E solte. Deixa ela voltar pro meio desse emaranhado na minha cabeça. E me olha.
Me olha calado e faz eu me apaixonar por esse seu silêncio atípico. Fica calado e me deixa. Me deixa ir mudando teu rosto até que não seja mais você, até que eu reveja o rosto de cada um que já segurou uma mecha do meu cabelo.
Daí pega minha mão e sorri. Me deixa ver o jeito como seus olhos quase fecham e esses seus dentes que nunca tiveram uma cárie. E fica calado. Fica calado porque palavras atrapalham, saem sem que a gente queira e elas me fazem soar boba.
E vai embora. Vai embora calado como eu te pedi e me deixa assim. Uma mecha diferente das outras, uma mão caída no colo, uma frase presa na garganta.

"Fala algo seu besta"

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Banga eu

Mal entrei no bar e te vi de primeira. Você tava no canto, com aquela sua cara de homem sério que até rindo você tem. Eu acho isso tão lindo. Você tava só, eu tava só também, demorou um certo tempo pra você me notar ali. Eu tava na minha mesa, evitando olhar pra você, mas acho que é mais forte que eu. Com o canto do olho eu vi você se levantar e vir em direção a minha mesa. Cara, na hora eu voltei no tempo, voltei a ter doze anos de idade. Por dentro eu tinha congelado, meus olhos queriam pular do meu rosto, minha boca queria enconstar no chão, minhas mãos queriam se agitar como as mãos de uma mulherzinha quando vê liquidação no shopping. Do lado de fora, apenas um sorriso. E quando você começou a falar e o assunto começou a fluir, eu não conseguia relaxar. Olhar você já era tão tenso, tentar puxar um papo no msn era tão dificil, mas ter você na minha frente e conversando comigo era realmente algo que me deixava ansiosa. Eu não sei o que é que há com você, e porque você exerce isso sobre mim. Mas eu e você, ouvindo a tipica musica alternativa do Banga Bar, me deixou com vontade de ficar ansiosa mais vezes.

Quero

Te abraçarei toda vez que me pedir e quando não pedir também. Te beijarei no rosto ao amanhecer e em qualquer outra hora do dia também. Te darei amor nas quatro estações do ano e pegarei na sua mão quando menos esperar. Vou mexer no seu cabelo até você dormir. Quero ser o momento mais esperado do seu dia, a pessoa que você quer ver no final da caminhada. Quero me queira feliz, triste, emburrada, que me queira com qualquer humor, cure a dor que for. Quero ser o pingente que você carrega no pescoço, o motivo do seu sorriso, a imagem que reflete nos teus olhos. A pulseira do Senhor do Bomfim que você usa, a flor que você leva nas mãos. Eu nunca quis muita coisa, você sabe. Eu nunca quis SER tanto pra alguém. O uso abusivo do verbo querer é errado? Querer demais é pecado? Então usa e abusa e quer e peca comigo, porque te quero bem demais.

Manias

Nunca entendi sua mania de que quando eu digo "Ótimo, tá tudo ótimo" você realmente acreditar nisso. De agir como se eu não importasse, de sorrir amarelo quando faz porcaria porque você acha que com qualquer graçinha vai se ver livre. Detesto que as vezes isso seja verdade.
Nunca entendi sua mania de escolher perfumes, camisas caras, de franzir a boca quando está sem paciência e franzir o cenho quando eu olho pro outro lado, porque eu sei que essa franzida boca é pra mim.
Mania irritante de agir como criança e me tirar tanto a paciência que eu acabo agindo do mesmo jeito, mania de só vir falar comigo quando precisa e me olhar cabisbaixo quando sabe que tá muito ferrado. Odeio esse seu jeito, mas o que eu mais detesto e abomino é essa minha mania de você.
Eu realmente preciso trabalhar nisso.

Gostos

Gosto do seu casaco. E dos seus óculos. Gosto do seu sorriso tímido e do jeito como desvia o olhar quando eu olho de volta pra você. Aposto que você reza pra que eu não veja isso, e eu finjo não ver, mas, sweetie, você não passa despercebido.
Gosto do jeito como você me olha e me sopra beijos, do jeito como você anda e ri. Gosto das suas perguntas e mais ainda das suas respostas. Acho tão fofo como você arregaça a manga do casaco e tenta fazer pose de machão e eu sorrio, daí você fica nervoso e agora eu já estou rindo de você.
Gosto como pra você sempre pareço estar bonita, ou pelo menos apresentável, gosto do que sinto quando você me fala uma graçinha. Gosto do seu nome. Gosto de você.
Gosto de não ter certeza. Sabe, certeza de você. Gosto disso. Só não gosto que o meu gostar se resuma numa coisa: Platônico.

"Isso já é vício, viu?"

disse pra mim a moça da sorveteria.
Digam-me onde eu posso encontrar essa pessoa que vai me fazer falar "mô" com voz fonhê.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Nossa janela

Eu gosto de andar de carro. Sem rumo. Só sentar, abrir a janela dependendo do tempo e ligar o som. Mudar a estação várias vezes até desistir e colocar um CD que eu mesma fiz, com as minhas músicas favoritas. Mas esses passeios não são a melhor parte.
Eu gosto mesmo é de passar na frente dos prédios luxuosos da orla durante a noite, quando as luzes das casas ainda estão acesas e olhar as pessoas debaixo dos seus lustres chiques numa mesa de jantar enorme.
Eu saio assim pra ver se eu te acho. Eu já te vi uma vez, de dentro do meu carro, você tava deitado, aparentemente sem camisa e com os cabelos bagunçados, assistindo TV. Seu quarto é branco e sobre uma prateleira tem uma bola de futebol gigante, aqueles pufs customizados, não é? Eu sei, eu vi. Eu gosto mesmo é de passar na frente do teu prédio, ou pelo menos fingir que eu sei qual prédio é. Ele vive mudando, ultimamente é um sem varandas com enormes janelas de um vidro esverdeado com o nome daqueles castelos franceses. Gosto desses nomes.
Eu passo lá na orla faz tanto tempo que virou rotina, eu olho pra todas as janelas que eu consigo, esperando ver aquela bola de futebol que já rondou meus sonhos onde eu e você estavamos deitados em cima dela. Você ficava me olhando e nada mais. Eu não sei como você se parece, mas sonho com você assim mesmo.
Me sentia idiota logo de início e depois a sensação foi passando. Foi mudando pra uma familiaridade meio esperançosa de que eu fosse te encontrar. Uma certa curiosidade de saber como seria se a gente se conhecesse, se eu soubesse seu nome e talvez até te desse um apelido. No momento tudo o que eu tenho é a sorte de que você acenda luz e me deixe ficar com você, mesmo que seja só através de um janela.
Nossa janela.