terça-feira, 28 de junho de 2011

Laranja

Estavam os dois, juntos do jeito que sempre faziam em algum lugar naquela mata esquisita perto da casa dele. Estavam os dois fazendo perguntas que sabiam ter de responder com mentiras porque os dois sabiam que não podiam se deixar conhecer assim.

- Você acredita em amor? - Ele perguntou quase sussurrando no ouvido dela.

- Eu não sei, as vezes sim, as vezes não.

- Por que não?

- Acho que nunca me fizeram acreditar nele. - Ela desembrulhou um bombom de laranja. - Quer? - Ofereceu.

- Não, odeio laranja.

E aqueles dois sucumbiram ao silêncio deles. E um vento frio soprou e ela se aconchegou mais perto dele, talvez por frio ou talvez porque a mata esquisita de repente havia se transformado em assustadora. E ele, calmo até, depositou um beijo nos lábios dela. E ela parecia assustada, até corresponder ao beijo dele.

E teve gosto de laranja.

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