segunda-feira, 14 de março de 2011

Run

Eu corri muito. Corri pra pegar o ônibus e corri até chegar num certo ponto em que eu não sabia onde estava. Será que eu desci no lugar certo? Parei num bar logo mais a frente e mostrei o papel com o teu endereço. “Você sabe onde fica?” perguntei ao garçom. Ele não sabia. Me bateu um desespero. Meu Deus, o que eu tô fazendo em uma cidade em que eu nunca estive antes, procurando por um prédio que eu nunca entrei antes, atrás de uma pessoa que eu nunca vi antes? Corra, Vitória, corra. Apesar de todos os meus instintos (e os números das casas) dizerem que eu estava indo na direção errada, continuei correndo. Fui em frente, virei em direitas e esquerdas e então lá estava o 4207. Eu já tinha passado por ele antes. E agora? Eu subo as escadas? Eu espero você sair de casa e encontrar assim, inesperadamente, comigo sentada na calçada? E o que eu te digo? Ai passou uma moça e eu tomei coragem e pedi o celular dela emprestado pra te ligar. Você atendeu no ultimo toque. “Alô?” disse a sua voz sonolenta. “Oi!” disse a minha voz ofegante. “Olha só, eu tô aqui em frente ao teu prédio. Aliás, eu acho que é o teu prédio…” Você não me deixou concluir. “Como assim? Você tá aqui?” Sua voz se elevou. ” É… aparece na varanda, pra eu saber se é o prédio certo mesmo”. Parecia que tinham passado séculos, quando você finalmente apareceu. “Eu não acredito…” você ia dizendo, só que eu desliguei e devolvi o celular a moça, gritei algo parecido com um “obrigada” e sai correndo, mais uma vez, em direção as escadas. Fui subindo, pulando os degraus, ouvindo você descer correndo também, quando finalmente chegou a parte em que não precisava mais descer ou subir, porque a gente tinha se encontrado, ali na metade do caminho. E, meu Deus, eu mal consigo lembrar do resto de tão corrido que foi.

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